Lembramos de
São Cosme e Damião pela famosa prática realizada pelas crianças de sair às ruas
para pedir doces e balas em nome dos santos no dia 27 de setembro - data em que
é celebrada a festa dos santos. Mas,
afinal, quem foram São Cosme e São Damião?
Os Santos Cosme e Damião eram irmãos, descendentes de nobre família da Arábia.
Fazendo os estudos na Síria,
especializaram-se em medicina. Confiantes
no poder de Deus, os gêmeos cristãos utilizavam seus conhecimentos médicos para
curar os necessitados. Eram caridosos: não cobravam por seus serviços. E assim a
fama se espalhou.
Eles procuraram exercer a profissão de médico principalmente entre as
famílias pagãs, para convertê-las ao catolicismo. E conseguiram resultados: numerosas foram as conversões de pagãos ao Cristianismo.
Viveram alguns anos assim, como médicos missionários
em Egéia
da Cilícia. No entanto, as atitudes de
Cosme e Damião despertaram a atenção e a ira das autoridades da época,
justamente quando o imperador romano, Diocleciano,
autorizou a perseguição aos cristãos. Desta forma, por pregarem o
cristianismo em oposição aos deuses pagãos, os gêmeos foram presos, levados ao tribunal de Lísias
e acusados de feitiçaria.
Foram torturados por não renunciarem seus
princípios religiosos cristãos. Vendo, porém, que eram inúteis esses processos, Lísias deu ordem que fossem
decapitados. Cosme e Damião morreram em 303.
Os Santos Cosme e Damião são venerados como
padroeiros dos médicos, dos farmacêuticos e da Faculdade de Medicina. São cultuados em toda a Europa,
especialmente na Itália, França, Espanha e Portugal. Em 1530, na cidade de
Igarassu, em Pernambuco, foi construída uma igreja em sua homenagem.
Acta e Passio
Santos gêmeos. Médicos caridosos. Entidades infantis. Muitos são os adjetivos para Cosme e Damião, cujos nomes de batismo são Acta e Passio, que conta a história, nasceram na Arábia no século III depois de Cristo e conheceram as artes da medicina na Síria.
Eram caridosos e não aceitavam dinheiro pelos trabalhos médicos. A morte dos gêmeos é um mistério, alguns acreditam que foram jogados de um despenhadeiro, outros que eles foram trucidados ou até degolados, e há ainda quem nem acredite na existência dos santos; mas o fato é que a Basilica dei Santi Cosmo e Damiano em Roma é um templo dedicado a eles pelo papa Félix IV.
A Data
A Igreja Católica Apostólica Romana celebra a data no dia 26 de setembro desde 1969, depois da reforma litúrgica, antes disso era comemorada no dia 27, a data foi trocada para que não coincidisse com o dia de São Vicente de Paulo.
Ainda assim, católicos tradicionalistas, devotos mais antigos, religiões afro-brasileiras que também os cultuam (como o Candomblé e a Umbanda) e ao menos no Brasil, por conta da tradição, populares continuam fazendo comemorações no dia 27 de setembro.
LENDAS
Como acontece com tantos outros santos, a vida dos santos gêmeos está mergulhada em lendas misturadas à história real
A lenda africana
Segundo a
lenda africana, os orixás-crianças são filhos de Iemanjá, a rainha das águas e
de Oxalá, o pai de toda a criação. Outras tradições atribuem a paternidade dos
mabaças (gêmeos) a Xangô, tanto que a comida servida aos Ibejís ou Erês,
chamados também carinhosamente de “crianças” é a mesma que é oferecida a Xangô,
o senhor dos raios, o caruru. Uma característica marcante na Umbanda e no
Candomblé em relação às representações de São Cosme e São Damião é que junto
aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa
criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de
até sete (7) anos de idade, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de
idade. Junto com o caruru são servidas também as comidas de cada orixá, e
enquanto as crianças se deliciam com a iguaria sagrada, à sua volta, os adultos
cantam cânticos sagrados (oríns) aos orixás.
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosme_e_Dami%C3%A3o)
Mitologia Grega, será?
A mitologia grega já cultuava Cosme e Damião. Há registros, do século V, de
cultos onde existia um óleo santo, atribuído aos gêmeos, com o poder de curar
doenças e dar filhos às mulheres estéreis.
Algumas pessoas fizeram de tudo para mostrar que Cosme e Damião nunca
existiram de fato, que na verdade sua história não passava da visão cristã de
uma lenda mitológica: eles seriam os filhos de Zeus, Castor e Pólux.
Doces memórias, crenças distintas
Esta miscigenação de religiões no país, não é diferente aqui em Juiz de Fora. A moradora do bairro São Pedro, Vera Lúcia Guedes, de 55 anos, diz “a coisa mais comum é ver criança com saquinho de doce na mão aqui pela rua”. Para ela, isso é muito comum porque o São Pedro é considerado um bairro pobre na cidade, esse é um dos maiores motivos da alegria da criançada.
Vera é católica e mora em Juiz de Fora há mais de 12 anos. Para ela, além de divertir as crianças, a distribuição de doces representa uma oferenda que concede graças, pois na crendice popular, a pessoa que se dispõe a doar, geralmente está agradecendo um pedido feito aos santos. Mas ela ressalta, “para que a graça seja concedida, a pessoa deve fazer doação de doces para crianças durante sete anos consecutivos”.
Essa crença, no entanto, não é compartilhada por todos. E a maioria das crianças está interessada apenas em comer todas as guloseimas que recebem. É o caso de Eduardo Carvalho, jornalista de 29 anos, que conta como em sua infância era comum sair de casa com uma mochila nas costas e voltar apenas à noite, depois de reunir vários saquinhos recheados de doces. Para ele, esta prática não tinha nenhum significado: na época, era tudo diversão.
![]() |
Imagem cedida pelo entrevistado Eduardo Carvalho |
Segundo ele, o que acontece é que “em cada ciclo da natureza, a espiritualidade muda as energias que direciona para o planeta”. E esclarece que a espiritualidade não tem religião. Por isso, sua vibração muda “tanto nas estações quanto nas luas, etc. Tudo é energia, e quando se entra num período em que todas as pessoas pensam de uma determinada forma, por exemplo, a espiritualidade interage com a gente, porque ela nos serve por caridade e amor a nós”.
![]() |
Imagem cedida pelo entrevistado Filipe Silva |
Assim, hoje, Filipe não aceita mais os doces associados a esta festa popular. Mas ressalta, que independente da crença o fundamental é o respeito. Para ele, falar para uma pessoa o que pensa no evangelho, não é problema; mas não pode impor nada a ela. “Ela tem o livre arbítrio".
Desta maneira, as religiões dialogam entre si. E principalmente, as pessoas convivem com as opiniões divergentes. E independente das crenças, o dia 27 acaba associando-se à figura da criança. Seja pela figura dos pequenos com saquinhos de bala na mão, seja pelo culto aos santos, pelas vibrações emanadas por grande parte da sociedade ou simplesmente porque tornou-se uma tradição.
Comércio no lucro, criança feliz!
Foto Daisy Cabral |
A festa não fica por conta apenas das crianças. Comerciantes e donos de lojas e distribuidoras de doces também têm um ganho significativo neste mês, em Juiz de Fora. A alegria das crianças contagia o bolso dos comerciantes todos os anos. Chegando representar para alguns um aumento de praticamente 100%.
Foto Daisy Cabral |
Foto Jéssica Lobato |
Já dizia o ditado popular: religião e política não se discute
No Rio de Janeiro o dia de São Cosme e Damião está sendo a causa de uma polêmica religiosa. É o que diz o site de notícias Extra online, ficou curioso, acesse e saiba mais sobre a questão.
Veja mais
- A agenda festiva em homenagem a São Cosme e São Damião na capital
- Cosme e Damião e as religiõesafro-brasileiras
- Cosme e Damião na Igreja Ortodoxa
Postado por Aline Ortolani, Daisy Cabral, Jessica Lobato,
Jordana Moreira e Karina Klippel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário