quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Patrimônio histórico da cidade é pouco explorado pela população local


No dia de hoje, 27 de setembro, é comemorado o Dia Mundial do Turismo. A data  é celebrada desde 1980, pela Organização Mundial do Turismo que, em Juiz de Fora, é pouco explorado em alguns setores, e um deles é o de patrimônios históricos. Entretanto,  Patrimônios Móveis é um projeto que está resgatando um pouco da história desses locais.

O Projeto Patrimônios Móveis, do grupo Juizforanos no Paralaxe, consiste no estudo de cinco construções de Juiz de Fora que representam importantes fontes de pesquisa e preservação cultural: Câmara Municipal (1878), Cinema Palace (1941), Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas (1888), Estação Central (1877) e Villa Iracema (1914). O segundo âmbito do projeto é o envio de MMS e SMS para as pessoas com informações e curiosidades sobre os lugares escolhidos.

De acordo com a coordenadora do projeto, Isis dos Reis, as expectativas são de que esses espaços ganhem uma maior visibilidade. “O cotidiano é tão corrido, que a maioria das pessoas não olha ao redor, ou passam todos os dias em frente a vários patrimônios e por falta de informação, estudo e conhecimento não sabem ou não se dão conta do que aquela construção representa para a nossa sociedade. Quando o projeto estiver em pleno funcionamento, por chegar direto aos celulares, notebooks e aparelhos similares, vai aguçar esta percepção. Bom, assim espero”, afirma. 

A coordenadora diz que Patrimônios Móveis é uma forma de tentar disseminar o conhecimento aprendido no setor acadêmico. Através do projeto, espera-se construir um novo olhar a respeito de alguns espaços artístico-culturais da cidade. Apesar de não ser referência histórica e isto acarretar um baixíssimo índice de turismo voltado a este interesse na cidade, Juiz de Fora apresenta patrimônios antigos que merecem uma maior atenção. Isis ressalta que é de “extrema importância que tenhamos consciência do nosso passado, para que assim possamos entender o presente e criar um futuro melhor para a cidade”.


O turismólogo Bruno Ribeiro destaca a importância de valorizar esses locais.
  Sonora Bruno by izabelafonseca11


O grupo Juizforanos no Paralaxe é formado por dez integrantes, dentre alunos do curso de Artes e Design da UFJF e professores que, durante o processo de pesquisa de campo, auxiliaram os estudos. O Projeto que está sendo desenvolvido desde o final de abril deste ano e foi aprovado na Rede Criativa do Audiovisual (Recria), realizada pelo Instituto Fábrica do Futuro. A Recria é formada por diversos projetos, entre eles O Paralaxe Lab, que busca, através de produção multimídia, atingir o público mais jovem e desenvolver o interesse por esse tipo de trabalho. Para conhecer mais sobre a Fábrica do Futuro, acesse o site http://www.fabricadofuturo.org.br/


Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM)

CCBM (foto: Maristela Rosa)
O empresário Bernardo Mascarenhas veio de Curvelo (MG) para Juiz de Fora, em 1822. Impulsionou o crescimento industrial da cidade, com a construção da Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas e, com ela, o pioneirismo. Aqui foi instalada a primeira Usina Hidrelétrica da América Latina. A fábrica de tecidos, Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas, começou a funcionar em maio de 1888, e foi a primeira a utilizar um motor elétrico Westhinghouse no país. Foi também pioneira ao oferecer música ambiente nas instalações. Em 14 de janeiro de 1984, a Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas encerrou as atividades. Hoje o espaço é chamado 'Centro Cultural Bernardo Mascarenhas', que abriga as mais diversas formas de ação cultural na cidade, como shows, exposições e palestras.
Guy Schmidt, diretor do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, fala mais sobre a importância do espaço:
  GUY SCHMIDT by izabelafonseca11
 
Endereço: Avenida Getúlio Vargas, 200, Centro – Juiz de Fora

Câmara Municipal em 1907 (foto: divulgação)
 O prédio, inaugurado em 1878 com a presença de Dom Pedro II, é tombado e foi construído em estilo clássico. Por estar localizada em um dos pontos mais movimentados da cidade, a construção é vista pela maioria dos juizforanos, mas que, em muitos casos, não conhecem a fundo o patrimônio histórico e cultural que está bem no centro do Parque Halfeld.
Endereço: Rua Halfeld, 955, Centro – Juiz de Fora.

 
Estação Central
Estação Central (foto: Wellerson Casimiro)
A Estrada de Ferro D. Pedro II passava por Juiz de Fora e precisava de um ponto de parada na cidade. Foi a partir daí que as obras do prédio da Estação Central foram concluídas, em 1877. A Estação é tombada e se insere no conjunto arquitetônico da Praça da Estação, mas o potencial histórico não é conhecimento pela população.
Endereço: Conjunto da Praça Dr. João Penino – Praça da Estação, Centro – Juiz de Fora.
E mais: veja uma análise arquitetônica feita pelo professor Fábio Lima, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Cine Palace
Cinema Palace (foto: divulgação)
 Outro patrimônio tombado, o Cine Palace foi inaugurado em 1948. Lá funcionava um cinema com capacidade para mil pessoas, onde eram exibidos, em grande maioria, musicais e filmes italianos. Depois de ficar 15 anos fechado (1984-1999), o espaço foi remodelado, tendo passado a se chamar CineArte Palace e oferecer duas salas de cinema, com apenas 400 lugares. Apesar da reformulação das dependências, o Palace ainda pode ser considerado um patrimônio histórico da cidade.
Endereço: Rua Halfeld, 581, Centro – Juiz de Fora.

Villa Iracema
Villa Iracema (foto: divulgação)
 A casa está vazia atualmente, mas já teve diversos moradores. A construção foi concebida em estilo Art Nouveau e inaugurada pela primeira proprietária no ano de 1914. Apesar de ser tombada e da história que guarda, a Villa é muito pouco conhecida pelos juizforanos.
Endereço: Rua Espírito Santo, 651, Centro – Juiz de Fora.

Veja mais:
Confira uma pesquisa realizada na UFJF sobre o Núcleo Histórico na rua Espírito Santo.
Confira aqui fotos e outros exemplares da arquitetura da cidade.
Veja outros patrimônios históricos de Juiz de Fora.

Outras perspectivas
Juiz de Fora pode promover, também, outras atrações turísticas além da proposta de explorar os patrimônios históricos. A cidade tem funcionado, nos últimos anos, como um epicentro para eventos empresariais e institucionais provindos de municípios satélites, tais como Matias Barbosa, Bicas, Mar de Espanha e Ewbank da Câmara, por exemplo.
De acordo com o turismólogo Bruno Ribeiro, a cidade ainda precisa explorar, de modo efetivo, algumas potencialidades que os espaços oferecem, do ponto de vista do chamado “turismo de negócios”.
  Sonora Bruno 2 by izabelafonseca11


Ribeiro defende a ideia de que, por caracterizar uma microrregião da Zona da Mata e possuir infraestrutura hoteleira adequada para o ramo empresarial, Juiz de Fora tem as condições necessárias para se tornar um polo para reuniões e convenções institucionais. "Além de discussões entre os empresários do meio, existe um estudo, realizado durante o Fórum do Turismo de 2009, que serviu de base para a elaboração de uma proposta técnica que trata, principalmente, de ações e propostas para otimizar o turismo de eventos e negócios na cidade”. 

Por Gabriella Ribeiro, Izabela Fonseca, Maristela Rosa e Priscilla Helena.

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