Lei Murilo Mendes contribui com produção cultural de Juiz de Fora
Por David Azevedo, Jéssica Ribeiro, Paula Lima,
Nathália Bustamante, Ana Cláudia Ferreira
A Lei Murilo Mendes é uma lei de incentivo à cultura de Juiz de Fora, fornecendo recursos para a viabilização de projetos. Com 15 edições edições realizadas, ela é a primeira lei de incentivo cultural criada no interior do país e se destaca por possuir um diferencial em relação às atuais leis de incentivo à cultura. “Divergindo, por exemplo, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, que oferece incentivos fiscais às empresas que patrocinam os projetos, a Lei Murilo Mendes fornece o valor necessário para realização do projeto, sem que haja a necessidade de que os artistas busquem patrocinadores”, ressalta a secretária da lei, Fernanda Amaral.
![]() |
Fernanda Amaral com os projetos da Lei Murilo Mendes |
Uma das pessoas
contempladas neste ano foi a estudante Claudia Rangel, que tem como
projeto uma documentário sobre moradores de rua. “O Habita-me se
em ti transito é meu primeiro projeto aprovado em uma lei de
incentivo e já é um ótimo começo para trabalhar com o que gosto”,
afirma Claudia.
Lílian Werneck,
jornalista e cineastra, teve seu primeiro curta-metragem, O Móbile:Admiração,
aprovado pela Lei. “Antes
da Murilo Mendes, eu havia conseguido a Lei Estadual de Incentivo à
Cultura de Mina Gerai, no valor de R$ 120 mil para produzir 5 curtas
em série. Mas não consegui produzir. Tanto pelos recursos poucos
que o projeto me disponibilizou, quanto pela dificuldade de
captação”, comenta Lílian, que já está a caminho de seu
segundo projeto na cidade.
![]() |
Cartaz do curta-metragem O Móbile: Admiração |
Os projetos
aprovados devem destinar 30% de seus produtos para a Funalfa, os
quais são distribuídos de diversas formas. Além disso, ao
inscrever o projeto, os proponentes devem apresentar uma
contrapartida, sendo essa uma forma de “devolver a sociedade” o
valor investido neles.
Entrevista com Lílian Werneck
Qual
foi a importância da Lei Murilo Mendes para a produção do curta?
A
Prefeitura de Juiz de Fora, quando criou a Lei Murilo Mendes,
procurou de uma forma eficaz disponibilizar recursos financeiros para
a classe artística da cidade produzisse cultura. E isso, por si só,
merece muito reconhecimento. As outras leis de incentivo à Cultura
disponibilizam a possibilidade de captação, não o dinheiro de uma
vez. E captar é complicado, ainda mais no meu caso, que possuia um
tema ainda tabu e complexo. A importância da Lei Murilo Mendes
começa por aí, mas não para aqui. Em especial, ela foi responsável
por duas vanguardas ao aprovarem o meu projeto: um filme com temática
homossexual feminina e com direção de uma muher. Eu reconheço e
agradeço à existência da Lei. E ainda reconheço os grandes
profissionais que a conduzem com muita seriedade na Funalfa.
Quando você foi aprovada e quando o curta foi lançado?
Meu
projeto foi aprovado em 2007, recebendo 80% do valor total
solicitado, o que corresponde a cerca de R$ 19.800,00. Ela foi
gravado em 2008 e lançado em duas datas bem especiais. Um
pré-lançamento na Casa de Cultura no dia 08 de Março de 2009, Dia
Internacional das Mulheres, e depois, oficialmente, no Cine Alameda
no dia 08 de Junho, data do meu aniversário.
Você acha que o valor é suficiente para a produção de um curta
(atualmente o valor máximo é de R$28.000)?
Não
é suficiente, mas incentiva a produção e possibilita que ela se
realize, de certa forma. Eu, por exemplo, tive que investir mais R$
10 mil reais e contei muito com o apoio dos profissionais envolvidos.
Acho que se eu fosse contabilizar o valor real da minha produção,
ficaria em quase R$ 60 mil. Foi uma vitória conseguirmos a qualidade
final no filme com o recurso que ganhamos. Mas, de certa forma, eu
entendo os motivos. Eu era diretora estreiante, era uma produção
pretenciosa, ousada. E, mesmo assim, conseguimos criar um projeto
muito bom e elogiado com os quase 20 mil que tivemos.
Foi seu primeiro projeto aprovado numa lei de incentivo? Você tem
outros?
Antes
do Móbile:
Admiração,
eu tive o projeto O
Móbile
aprovado na Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Era um projeto para
filmar os cinco roteiros que eu escrevi para a série Móbile
de uma vez só. Mas não levei adiante. Daí, tive o projeto do
Móbile em 2007 e agora, em 2011, eu tive a aprovação de outro
projeto, desta vez, um concurso de clipes para o grupo Lúdica
Música!, intitulado Concurso
Mundo-Ludo: Foi Dada a Largada,
que ainda está em andamento. São cinco diretores da cidade que
foram escolhidos a partir de seus roteiros para dirigirem os clipes
do disco Mundo
Ludo.
Em breve, ele estará pronto.
Qual
é a principal vantagem da Lei Murilo Mendes?
A
Lei Murilo Mendes tem duas vantagens: incentivar a produção
cultural local e ser um apoio que financia diretamente os projetos,
porque o mais complicado de se produzir cultura hoje em dia é
conseguir captar recursos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário