sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Incentivo à cultura

Lei Murilo Mendes contribui com produção cultural de Juiz de Fora

 

Por David Azevedo, Jéssica Ribeiro, Paula Lima, 

Nathália Bustamante, Ana Cláudia Ferreira

 

A Lei Murilo Mendes é uma lei de incentivo à cultura de Juiz de Fora, fornecendo recursos para a viabilização de projetos. Com 15 edições edições realizadas, ela é a primeira lei de incentivo cultural criada no interior do país e se destaca por possuir um diferencial em relação às atuais leis de incentivo à cultura. “Divergindo, por exemplo, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, que oferece incentivos fiscais às empresas que patrocinam os projetos, a Lei Murilo Mendes fornece o valor necessário para realização do projeto, sem que haja a necessidade de que os artistas busquem patrocinadores”, ressalta a secretária da lei, Fernanda Amaral.
Fernanda Amaral com os projetos da Lei Murilo Mendes
Desde sua criação, em 1995, a lei vem sofrendo algumas alterações, como aumento do número de projetos contemplados e do valor fornecido para os mesmos, acompanhando as demandas de mercado e de novas formas de expressão artísticas. Já foram aprovados cerca de 850 projetos, os quais, atualmente, podem adquirir um valor máximo de R$28 mil. Dentre os 257 projetos inscritos para a edição deste ano, 81 foram contemplados . Ela é realizada pela Funalfa (Fundação Cultural Alfredo Ferreita Lage, juntamente com a Prefeitura de Juiz de Fora.
Uma das pessoas contempladas neste ano foi a estudante Claudia Rangel, que tem como projeto uma documentário sobre moradores de rua. “O Habita-me se em ti transito é meu primeiro projeto aprovado em uma lei de incentivo e já é um ótimo começo para trabalhar com o que gosto”, afirma Claudia.
Lílian Werneck, jornalista e cineastra, teve seu primeiro curta-metragem, O Móbile:Admiração, aprovado pela Lei. “Antes da Murilo Mendes, eu havia conseguido a Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Mina Gerai, no valor de R$ 120 mil para produzir 5 curtas em série. Mas não consegui produzir. Tanto pelos recursos poucos que o projeto me disponibilizou, quanto pela dificuldade de captação”, comenta Lílian, que já está a caminho de seu segundo projeto na cidade.
Cartaz do curta-metragem O Móbile: Admiração
Claudia e Líliam ressaltam que a lei é uma ótima forma de ter projetos de jovens. “Eu tenho apenas 21 anos e seria muito difícil conseguir um valor elevado para um primeiro projeto”, completa ela, que obteve quase R$24 mil. Lílian, em entrevista, diz que um dos pontos mais importantes da Lei Murilo Mendes é incentivar diretamente os trabalhos.
Os projetos aprovados devem destinar 30% de seus produtos para a Funalfa, os quais são distribuídos de diversas formas. Além disso, ao inscrever o projeto, os proponentes devem apresentar uma contrapartida, sendo essa uma forma de “devolver a sociedade” o valor investido neles.

 

 

 

Entrevista com Lílian Werneck 

 

Qual foi a importância da Lei Murilo Mendes para a produção do curta?
A Prefeitura de Juiz de Fora, quando criou a Lei Murilo Mendes, procurou de uma forma eficaz disponibilizar recursos financeiros para a classe artística da cidade produzisse cultura. E isso, por si só, merece muito reconhecimento. As outras leis de incentivo à Cultura disponibilizam a possibilidade de captação, não o dinheiro de uma vez. E captar é complicado, ainda mais no meu caso, que possuia um tema ainda tabu e complexo. A importância da Lei Murilo Mendes começa por aí, mas não para aqui. Em especial, ela foi responsável por duas vanguardas ao aprovarem o meu projeto: um filme com temática homossexual feminina e com direção de uma muher. Eu reconheço e agradeço à existência da Lei. E ainda reconheço os grandes profissionais que a conduzem com muita seriedade na Funalfa.

Quando você foi aprovada e quando o curta foi lançado?
Meu projeto foi aprovado em 2007, recebendo 80% do valor total solicitado, o que corresponde a cerca de R$ 19.800,00. Ela foi gravado em 2008 e lançado em duas datas bem especiais. Um pré-lançamento na Casa de Cultura no dia 08 de Março de 2009, Dia Internacional das Mulheres, e depois, oficialmente, no Cine Alameda no dia 08 de Junho, data do meu aniversário.

Você acha que o valor é suficiente para a produção de um curta (atualmente o valor máximo é de R$28.000)?
Não é suficiente, mas incentiva a produção e possibilita que ela se realize, de certa forma. Eu, por exemplo, tive que investir mais R$ 10 mil reais e contei muito com o apoio dos profissionais envolvidos. Acho que se eu fosse contabilizar o valor real da minha produção, ficaria em quase R$ 60 mil. Foi uma vitória conseguirmos a qualidade final no filme com o recurso que ganhamos. Mas, de certa forma, eu entendo os motivos. Eu era diretora estreiante, era uma produção pretenciosa, ousada. E, mesmo assim, conseguimos criar um projeto muito bom e elogiado com os quase 20 mil que tivemos.

Foi seu primeiro projeto aprovado numa lei de incentivo? Você tem outros?
Antes do Móbile: Admiração, eu tive o projeto O Móbile aprovado na Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Era um projeto para filmar os cinco roteiros que eu escrevi para a série Móbile de uma vez só. Mas não levei adiante. Daí, tive o projeto do Móbile em 2007 e agora, em 2011, eu tive a aprovação de outro projeto, desta vez, um concurso de clipes para o grupo Lúdica Música!, intitulado Concurso Mundo-Ludo: Foi Dada a Largada, que ainda está em andamento. São cinco diretores da cidade que foram escolhidos a partir de seus roteiros para dirigirem os clipes do disco Mundo Ludo. Em breve, ele estará pronto.

Qual é a principal vantagem da Lei Murilo Mendes?
A Lei Murilo Mendes tem duas vantagens: incentivar a produção cultural local e ser um apoio que financia diretamente os projetos, porque o mais complicado de se produzir cultura hoje em dia é conseguir captar recursos.


 

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