sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Taxi adaptado: uma opção para quem precisa

Quanto tempo você demora pra conseguir um táxi em Juiz de Fora? A resposta para essa pergunta varia de acordo com a época do ano, com o horário em que você procura por um táxi e, principalmente, se você é dependente de um táxi adaptado.






Basta passar pelo centro da cidade. A partir das 17h30, o ponto de táxi em frente a catedral, na Av. Rio Branco é um exemplo da dificuldade que é a busca pelo serviço este horário. As filas são constantes e esse problema se agrava quando entre os passageiros, estão pessoas com algum tipo de deficiência física, ou necessidades especiais de transporte por motivos de saúde.





Para atender a esses passageiros, desde 2009 entraram em circulação cinco veículos adaptados às necessidades das pessoas com deficiência física. Segundo a Assessoria de Comunicação da Settra, este número subiu para dez carros. Além disso, todo motorista de táxi registrado na cidade deve passar por um treinamento de dois em dois anos em um curso de capacitação, ministrado no SENAC, no qual o taxista é capacitado para dirigir também os veículos adaptados.

A frota de carros adaptados em circulação está dividida entre carros de tipo Doblô, da marca Fiat, com equipamento de prancha eletrônica, e carros da Peugeot, equipados com prancha manual, facilitando o acesso do passageiro.

A primeira licitação para circulação dos carros liberou cinco veículos. De acordo com a procura e necessidade dos passageiros, foi aberta uma segunda licitação, que trouxe mais cinco carros para a frota de táxis. Os veículos estão distribuídos entre as três empresas de rádio táxi da cidade: a Albatroz, a Teletáxi e a Disque táxi.



Pedro Chaves, 49 anos.
Pedro Chaves Ferreira, 49 anos, motorista de táxi adaptado há dois meses comenta que a maior dificuldade é o trânsito. Segundo ele, a maior reclamação dos passageiros está relacionada ao tempo de atendimento. Ele conta que o que atrasa os motoristas é o trânsito e o cuidado que eles precisam ter no transporte de pessoas com deficiência física.

O carro de Pedro faz parte da frota referente à segunda licitação. Na visão dele, não há carros suficientes para pessoas com deficiência física. Mas comenta que os passageiros consideram o equipamento manual prático. “É mais rápido. O eletrônico precisa esperar o funcionamento da prancha, e muitas vezes o passageiro está com pressa”, diz.



Entrevista Pedro by user624810295



O secretário da Pós Graduação da faculdade de Educação da UFJF, Getúlio Medeiros é cadeirante há 10 anos e usuário do serviço. Ele conta que começou a utilizar cadeira de rodas depois de um acidente automobilístico, que o deixou tetraplégico, havendo comprometimento dos membros superiores e inferiores. Por essa razão, Getúlio praticamente não faz uso do transporte público em Juiz de Fora. "Não é uma experiência muito agradável", ri.

Assim, seu melhor meio de transporte é o táxi. Getúlio conta que antes dos táxis adaptados, ele utilizava os carros comuns. No entanto, a maior dificuldade era a constante necessidade de ter um acompanhante e principalmente o incomodo de sair da cadeira de rodas. Em vídeo, ele comenta um pouco sobre o assunto.






Usuário regular do serviço há aproximadamente oito meses, Getúlio conta que o sistema de rampa manual dos táxis adaptados é mais rápido. Para ele, não há grande diferença entre os dois carros, “o conforto é o mesmo”, mas a maior dificuldade é conseguir entrar em contato com as centrais de táxi. “Geralmente os telefones estão congestionados”. E, por ter o contato de um motorista, que o atende já há algum tempo, faz mais uso do táxi de rampa manual.

Além disso, ele ressalta “já peguei dois carros de tipo Doblô (com rampa eletrônica), que o equipamento estava quebrado”. Essa queixa, não é apenas do usuário. Antônio Cândido Neto, 55 anos, proprietário de táxi adaptado do tipo Doblô comenta a dificuldade que é manter o equipamento.

Segundo Antônio, apenas o equipamento, quando comprou, há dois anos, custava em torno de 32.000 reais. Hoje, ele diz que o valor subiu para 37.000 reais. Apesar do preço elevado, ressalta o taxista, não há possibilidade de parcelamento do equipamento. E ainda, não há na cidade uma empresa capacitada para fazer a manutenção das pranchas. “Nós mesmos damos um jeito. Já fiquei com a prancha estragada por dois meses esperando o suporte que nos haviam prometido”.

O taxista relembra que esse suporte seria dado pela Settra em parceria com uma empresa privada, que disponibilizaria profissionais para quando o equipamento necessitasse de manutenção. No entanto, isso até hoje não foi cumprido. Antônio se queixa da dificuldade, mas comenta “o pior não é para nós, taxistas. Sim, temos prejuízos, mas, no meu caso, esse trabalho precisa ser visto mais pelo social. São nossos passageiros que precisam estar satisfeitos. Precisamos do equipamento pelo bem deles. Levo este lado em primeiro lugar. Até porque, me sinto honrado em poder ajudar essas pessoas”.



Veja os carros:



Doblô, com rampa eletrônica:




A cadeira de rodas é presa no chão do carro com cintos e vigas de segurança. Há ainda suporte dos lados e na frente de onde o passageiro é transportado. A rampa é abaixada até o chão com o auxílio de um controle remoto, para que a cadeira seja posicionada sobre a chapa metálica. Depois a pessoa é elevada até a altura do carro para ser, com o auxílio do motorista, acomodada ao carro.

Peugeot, com a rampa manual:


O passageiro tem a possibilidade de entrar sozinho, quando não há dificuldade de locomoção dos membros superiores, pois a prancha torna-se uma rampa, que direciona o passageiro ao centro do carro.


Por karina Klippel
Equipe: Aline Ortolani, Daisy Cabral, Jéssica Lobato, Jordana Moreira e Karina Klippel.

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